sábado, 29 de dezembro de 2012

O Novo Movimento Estudantil e as Reitorias Repressoras - de Arthur Bispo


Salve, camaradas!

Disponibilizamos uma grande contribuição do professor  da UFAL, Artur Bispo dos Santos Neto, sobre o movimento estudantil que surgiu na última década. Oferece um panorama histórico da organização estudantil e aborda também mais especificamente a onda de repressão aplicada pelas reitorias, correias de transmissão dos interesses neoliberais, país afora, visando aplicar com menor resistência as medidas privatistas da educação de interesse da burguesia.

Para que está estudando o tema o simplesmente busca por informações mais detalhadas, a contribuição de Artur Bispo pode dar uma boa mão.

Baixe aqui

O Novo Movimento Estudantil e as Reitorias Repressoras

Boa leitura e hasta la revolución!

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Lutar não é crime! Campanha contra a repressão




Salve, companheiros e companheiras,



o Espaço Socialista está encampando uma ampla campanha contra a repressão dos que lutam e dos trabalhadores em geral, oprimidos e explorados.
Envio abaixo o link para baixar nossos dois novos cartazes da campanha. Estão disponíveis para o uso de quem quiser colaborar na divulgação desta luta.


quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Nota da Juventude do Espaço Socialista - Pelo fim da repressão nas universidades

Como a repressão avança nas universidades brasileiras é fundamental sabermos o que está acontecendo com os estudantes em vários países (como no México e no Chile) e em diversos cantos do Brasil.

Na Unifesp, em Guarulhos, são mais de 100 estudantes processados, não sabemos ao certo quantos foram presos. Na USP, há menos de um ano, 73 estudantes foram presos, sofrem ainda processos criminais e muitos outros sofrem processos administrativos. Na Fundação Santo André a situação é parecida, cerca de 30 alunos sofreram ou ainda sofrem processos. Sindicâncias são abertas de forma arbitrária, os alunos são constantemente intimidados e a mobilização estudantil é vista como atividade criminal. Na UFES, federal do Espírito Santo, a repressão aos estudantes está na ordem do dia. A polícia tem livre acesso ao campus da Universidade e recentemente 3 estudantes foram detidos – todos faziam parte do movimento “Minha UFES, Minha Casa”, que reivindica a moradia estudantil. A permanência do trabalhador, principalmente o que luta, na universidade está cada vez mais questionada por meio de processos administrativos que visam à expulsão e processos criminais que tentam amedrontá-lo e afastá-lo da luta por outra universidade. Esses fatos não são produtos de uma coincidência, nem são fatos isolados. Estamos diante da criminalização da luta estudantil que é parte de um processo mais amplo de criminalização dos movimentos sociais.

Nós, estudantes, precisamos nos unir para enfrentarmos essa situação em cada faculdade, universidade, CAs e DCEs! Precisamos nos juntar nas lutas e aos movimentos sociais!

Reafirmamos nosso total apoio à luta contra a repressão e em defesa de todos os lutadores. Fazemos parte dos que lutam! Estamos juntos com os processados, não somos criminosos!

Defendemos um ensino público, gratuito e de qualidade. Pelo fim das perseguições, prisões e processos! Não aceitamos a criminalização do movimento estudantil e de nenhum outro movimento de luta!! Por uma educação a serviço dos trabalhadores!

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

UNIFESP: vídeo desmente versão da PM

Novo vídeo mostra que a manifestação dos estudantes na UNIFESP Guarulhos foi pacífica e não gerou dano algum ao patrimônio da parte do movimento, desmentindo as acusações que motivam processos em cima dos estudantes e o risco inclusive à expulsão. 

Em defesa da luta dos estudantes por uma universidade pública, gratuita e de qualidade para os trabalhadores e contra a repressão aos movimentos sociais!




domingo, 7 de outubro de 2012

Perseguição e repressão aos estudantes na Fundação Santo André




Divulgamos nosso material de denúncia.

Educação a serviço de quem?


>> Versão em pdf



A quem não sabe, atualmente, 7 estudantes da FAFIL estão sofrendo um processo de sindicância, movido pela reitoria da FSA. Acusados de vandalismo, perturbação da ordem e dano ao patrimônio público, os estudantes estão sendo chamados a responder a inquéritos que visam os incriminar, correndo estes ao final da sindicância o risco de ser expulsos da Universidade e perder seu direito de estudar. Professores também já foram desligados e estão sendo processados, a Associação dos docentes da FSA denunciou em uma carta aberta a perseguição aos professores.

Cacalano e seus parceiros de gestão têm acumulado impopularidade por meio dos ataques desferidos contra a comunidade acadêmica, como o aumento das mensalidades, o fechamento de turmas, sua férea política de cobrança de mensalidades, o impedimento da matrícula dos inadimplentes, seu autoritarismo e outras medidas e já tinham anterioremente ainda neste ano encampado processos administrativos contra outros estudantes.

Na tentativa de aplicar com maior tranquilidade uma política que só favorece a si própria, recentemente, a gestão Cacalano, com o fiel apoio de Miriam Lernic, Diretora da FAFIL, têm também marginalizado e fechado espaços históricos de representação e luta dos estudantes por não serem convenientes a aplicação desta política. Por esse motivo o Diretório Acadêmico, que é um histórico aglutinador da resistência contra esse tipo de políticas, foi emparedado e considerado ilegal.

Da legalidade para a ilegalidade, do legítmo para o ilegítimo, a reitoria apresenta: o samba da conviniência!

Apesar de não reconhecer a legalidade e legitimidade do Diretório, a reitoria entrou com processo contra uma estudantes representante do DA pedindo uma indenização de R$10.000,00.

Em 2009, a gestão Cacalano se elegeu de forma oportunista subindo nas costas do movimento estudantil, que rechaçava a reitoria da época. Para isso, àquele tempo, a gestão Cacalano considerava legítima a representação estudantil: hoje, não mais.
Fica claro portanto que para a reitoria, o reconhecimento ou não da representação estudantil é portanto abritrário, muda de forma quantas vezes for necessário, da forma que melhor convir.

Existe uma clara contradição dentro da FSA. Em seu discurso a Universidade defende a democracia, mas em sua prática cotidiana criminaliza a luta política. Contradiz igualmente seu próprio regimento e ordenamento jurídico que diz que todos podem se manifestar e se expressar, inclusive mediante críticas.

Diferentes gestões, o mesmo projeto..

A gestão Cacalano não pode ser vista porém como o único problema dos estudantes. Se fosse assim, a derrubariamos, como já derrubamos outros no passado e tudo se resolveria.

O projeto de Universidade que tenta aplicar a atual reitoria na FSA se assemelha a muitos outros aplicados em diversas instiuições de ensino no país, pois reflete uma política geral para a educação em uma sociedade comanda por uma minoria de empresários em detrimento das necessidades da maioria trabalhadora. Neste contexto, a educação está afinada ao seu projeto para a sociedade como um todo e se subordina às necessidades do capital e do mercado, o que inclui a tendência à elitização e privatização do pouco que resta do ensino de público superior de qualidade e a crescente mercantilização geral da educação por meio do incentivo às instituições de ensino privadas, com um assustador rebaixamento da qualidade de ensino.
Por uma outra educação

Lutamos por uma educação na contramão disso, que atenda às necessidades dos trabalhadores, que seja pública, laica, gratuita e de qualidade. Lutamos para que possamos tomar conhecimento do partimônio teórico produzido até hoje pela humanidade e que ele esteja a serviço do bem-estar da sociedade não do lucro de um punhado de capitalistas. Acreditamos que isso só é possível por meio da reorganização dos estudantes não só na FSA como nacionalmente.

Denunciamos a perseguição aos estudantes, por meio destas medidas arbitrárias, sem nenhum embasamento ou prova concreta, que impedem a livre organização dos estudantes
Lembramos à reitoria que não cabe a ela decidir sobre a legitimidade do D.A, e sim aos alunos, somente aos alunos, e estes elegeram sua diretoria e a consentem.

Repudiamos a tentativa da reitoria de desmobilzar o movimento estudantil para que mais facilmente aplique suas políticas de sucateamento da FSA

Entendemos as sindicâncias e processos administrativos em curso na FSA como parte de um processo maior de criminalização dos movimentos sociais e organizações de trabalhadores, como a prisão de 73 estudantes na USP, os processos administrativos a estudantes e funcionários, a repressão, violência e prisão dos estudantes da UNIFESP Guarulhos, a repressão aos diversos movimentos de luta por moradia no último período.

Alertamos para o cerceamento da liberdade de expressão cada vez maior e mais explícito dentro da Fafil, onde a livre organização dos estudantes está sendo tratada como uma atitude criminosa, passível de investigação e punição.

Reconhecemos o Diretório Acadêmico como ferramenta de luta dos estudantes.

Chamamos aos estudantes a construir uma ampla campanha contra a repressão dos que lutam, somando-se em repúdio às atitudes persecutórias da reitoria e em defesa do diretório acadêmico como ferramenta de luta legítima dos estudantes.


Juventude do Espaço Socialista

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Estudantes são presos arbitrariamente dentro da UFES


Na madrugada de ontem, 3 estudantes que participavam da exibição de um filme que acontece toda quinta organizada por estudantes do curso de geografia (Geo dub) foram presos sem apresentação de justificativa.





quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Repressão avança na UNIFESP



A repressão avança também na Unifesp,

Mais de 100 estudantes processados.

Divulgamos abaixo a carta dos lutadores e manifestamos nosso total apoio à luta contra a repressão e pelo ensino público de qualidade.

Saudações socialistas!




Unifesp - Cartas aos estudantes 

Carta aberta aos estudantes, professores, funcionários e aos moradores de Guarulhos Estamos sendo intimados um a um a prestar depoimento sobre o movimento em defesa da Unifesp de Guarulhos. Começou uma nova fase da perseguição política contra os estudantes que foram presos. O reitor e governo querem nos punir com a expulsão. Estamos diante da criminalização da luta estudantil por uma causa justa. Toda força à nossa campanha pelo fim dos processos e das perseguições! Vocês sabem perfeitamente que lutamos por uma causa. Em nenhum momento da greve e da ocupação da Unifesp Guarulhos, estivemos movidos por interesses particulares deste ou aquele grupo, deste ou aquele setor da universidade. Pôr em pé o edifício do campus foi e é nossa causa. Estamos certos que ninguém de sã consciência poderá dizer o contrário. Os estudantes que tiveram à frente do movimento assumiram com maior determinação a reivindicação junto ao reitor e ao governo federal. Por isso mesmo, somos mais de 100 estudantes processados pela Polícia Federal, juntando os dois processos. Uma parcela arca com dois deles, o que mostra que não era a repressão que os demoveria da causa e da justa luta. Logo após o fim da longa greve o reitor e o governo anunciaram a verba e o projeto de construção. Somente diremos que foi uma conquista quando inaugurarmos o novo campus. Mas, sem dúvida, nosso movimento, nossa ocupação, a invasão policial e as prisões coletivas obrigaram que as autoridades dessem um passo adiante. Obrigaram que um grupos de professores encastelado na burocracia da instituição viesse à luz do dia dizer que a Unifesp no Bairro dos Pimentas é temerária, sem sentido acadêmico e afastada de seu projeto elitista. A greve, a ocupação e as manifestações exigiram um debate, que ganhou as páginas da grande imprensa. Os três setores que compõem a universidade foram obrigados a se pronunciarem. Os professores – a maior parte – se colocaram contra os estudantes. Como se vê, não escondemos nada. Fomos transparentes em nossa reivindicação e firmes no uso do método coletivo de luta. Nosso movimento somente poderia ser assim porque lutamos por uma causa específica, que a da construção do prédio de Guarulhos e uma geral, que é a do ensino público e gratuito. Esse conteúdo e a movimentação coletiva explicam por que mais de 100 estudantes estão processados. A criminalização que sofremos objetiva quebrar a determinação com que enfrentamos a intransigência e resistência das autoridades em reconhecer as reivindicações e em atendê-las. Trata-se de uma ação política da reitoria e do governo, com apoio de setores autoritários e reacionários da burocracia universitária. Nós estudantes, selecionados para pagar por todo o movimento, somos vítimas da perseguição política. O processo que nos foi imposto é de ordem política. É escabrosa a imputação de “formação de quadrilha”. Deveria assombrar os professores que têm alguma ligação real com o ensino e a educação, que conservam alguma noção de verdade e que prezam pela política como força transformadora. Nossas reuniões, assembléias, manifestações e ocupação estão consagradas pelos movimentos sociais. Taxá-las de formação de quadrilha, de ação predadora e de violência gratuita é usar a justiça como instrumento da mentira, da falsificação. Viemos diante dos estudantes, dos professores, dos funcionários e da população defender nosso movimento e a sua causa. Fazemos uma campanha de denúncia contra esse processo judicial como criminalização política dos estudantes que ombrearam as forças contrárias às reivindicações e à nossa ação coletiva. Estamos sendo chamados um a um para prestar depoimento, como se a responsabilidade fosse individual. Assumimos a greve e a ocupação como um método coletivo de luta. Assumimos todos os conflitos que despertam. Mas como acontecimento social e político. A pecha de crime é uma arma do poder que nos oprime, contra o qual nos chocamos. Chamamos os estudantes e a todos que aceitem que há uma criminalização do movimento social a reforçarem nossa mobilização para derrubar o ataque ao direito de manifestação, tal qual expressou nossa greve e nossa ocupação. Pelo fim dos processos! Abaixo a criminalização das lutas! Derrotemos a perseguição política da burocracia universitária e do governo federal!Levantemos no alto a bandeira: construção já o campus de Guarulhos no Bairro dos Pimentas! --

Mas, quando entre camaradas
nos encontramos e ousamos sonhar futuros.
Quando a teoria nos aclara a vista
e com o povo,
ombro a ombro,
marchamos.
Respondemos: vale a pena viver,
quando se é comunista. (Mauro Iasi)

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Repressão na Ufes: Carta do Movimento Minha Ufes Minha Casa

Na madrugada do dia 19 de Setembro, em Vitória, ocorreu uma ação violenta contra estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), que mantinham o acampamento do movimento "Minha Ufes Minha Casa" reivindicando moradia estudantil digna, na defesa de um projeto de universidade diferente.
Recebemos dos companheiros do movimento a seguinte carta, que divulgamos a todos.

Este é mais um dentre tantos recentes episódios de repressão aos que lutam. Repudiamos a ação violenta da reitoria da UFES e oferecemos todo nosso apoio à luta dos estudantes.


Acesse também link de jornal local com notícia e vídeo do dia da desocupação.

Como leitura complementar ao tema, indicamos o texto "A repressão policial e a democracia brasileira andam juntas", que faz parte da campanha de denúncia anti-capitalista da repressão, do Espaço Socialista.

Boas leituras!


AO ESPAÇO SOCIALISTA

APRESENTAÇÃO DO “MINHA UFES, MNHA CASA”

O “Minha UFES, Minha Casa” é um movimento que luta por um novo projeto de universidade pública, verdadeiramente popular e de qualidade.  Para tal, cremos ser preciso que os filhos dos trabalhadores e os próprios trabalhadores possam ingressar, permanecer e ter acesso a todos os espaços e instâncias da universidade. Neste cenário, o movimento retorna à pauta histórica da moradia estudantil por considerar ser esta um fator de fundamental relevância na democratização plena do acesso ao ensino superior. A moradia estudantil na UFES é uma reivindicação antiga, que inclusive por diversas vezes foi utilizada por candidatos à reitoria com o fim único de eleger-se.
No dia 1 de agosto de 2012 surge o “Minha UFES, Minha Casa”. Um grupo de estudantes componentes do Comando Local de Greve Estudantil decide acampar no campus de Goiabeiras, em Vitória,  em protesto contra a falta de moradia estudantil e para fazer pressão em prol da execução imediata do projeto de moradia que existe desde 2010, ano do último movimento por moradia organizado na UFES. O local escolhido para montar acampamento foi o gramado da portaria norte da UFES, bem em frente à Av. Fernando Ferrari. Neste espaço, com o apoio do SINTUFES, principal apoiador do movimento, foram montadas, além das barracas, uma tenda que era local de encontro e reunião de estudantes e técnico-administrativos. Neste mesmo local, várias atividades foram desenvolvidas, como grupos de debate, cinema e oficinas. Mas, pelas dificuldades inerentes ao próprio local, como vento excessivo que quebrava barracas, falta de banheiro e água nas proximidades, exposição à chuva, dentre outros, o acampamento, no seu 36° dia, mudou-se para o vão externo da Biblioteca Central.
Uma estrutura de barracas, sala e cozinha foi montada e as atividades continuaram a ser desenvolvidas. Apresentação de filmes, debates e uma aula-debate com o Prof. Dr. Paulo Scarim, do Departamento de Geografia, que dividiu com os presentes sua experiência de luta por moradia estudantil na Universidade Estadual Paulista (UNESP).   Após duas semanas de ocupação do vão da biblioteca, às 14:20h do dia 16 de setembro de 2012, alegando risco iminente ao patrimônio da Universidade e acervo da Biblioteca Central, uma reintegração de posse do vão da biblioteca foi executado, inclusive com a presença arbitrária da polícia militar. Sem qualquer resistência à ordem judicial, o grupo desmontou o acampamento e retirou-se do local.
Na terça-feira, dia 18 de setembro de 2012, o grupo decidiu por mudar mais uma vez. O local escolhido foi um espaço do anexo do CCHN (Centro de Ciências Humanas e Naturais). A ocupação do local foi acompanhada pelas guardas federal e patrimonial atuantes na universidade e todo o possível foi feito para que o acampamento não atrapalhasse o fluxo das pessoas nem o funcionamento normal dos setores próximos. Deve-se também destacar que todo o processo de ocupação ocorreu sob o protesto do Sr. Aníval Luis dos Santos, chefe de segurança da UFES e do Prof. Dr. Júlio Bentivoglio, vice-diretor do CCHN. Na noite do mesmo dia, às 23:30 h, quando o campus estava fechado e ninguém mais além dos ocupantes estavam presentes, o Sr. Aníval abordou o grupo acompanhado de três guardas patrimoniais afirmando que tinha um mandado de reintegração de posse e que este era urgente. Questionado sobre onde estava o documento, o mesmo afirma que não há a necessidade, pois ele próprio era o mandado. Foi então solicitado que se esperasse ligar para as representações da reitoria em diálogo com o movimento, mas antes que fosse possível realizar a ligação, o Sr. Aníval chamou, com um assovio e um aceno, um grupo de mais de vinte homens com o uniforme da PLANTÃO, que é a empresa terceirizada responsável pela segurança patrimonial da universidade. Munidos de cacetetes, tacos de baseboll, armas de fogo, faca, canivetes e fogos de artifício, os seguranças rasgaram as barracas e, usando cassetete e tacos, quebraram todas as barracas com todos os pertences dos estudantes ocupantes (como computador, celular, roupas, livros, documentos pessoais, dinheiro...). À base de chutes, socos, armas encostadas na cabeça, cacetadas e violência verbal, os estudantes foram expulsos do campus, numa clara tentativa de minar o movimento a qualquer preço. Interessante destacar que durante toda a ação criminosa o Sr. Aníval Luis dos Santos esteve presente, acompanhando passivamente toda a violência que ocorria na universidade. Dois dias após a expulsão doa alunos ocupantes, um professor denunciou ao movimento que um grupo de docentes e funcionários da ultra-direita da universidade está se articulando para conseguir, ou se necessário criar, provas para criminalizar os integrantes do movimento.
O movimento “MINHA UFES, MINHA CASA” entende que ação criminosa e facista do Reitor, Prof. Dr. Reinaldo Centoducati, é a coadunação e a perpetuação do modelo falido, perverso e excludente de ensino superior feito no Brasil. Modelo que é, em sua essência, reflexo da sociedade brasileira e capixaba. Este movimento se propõe a posiciona-se diante da pauta moradia estudantil com uma postura firme e afirma, pelo fervor da vontade de nossos espíritos ser o último movimento por moradia desta universidade. Quanto à organização do grupo, o movimento se pauta nos ideais revolucionários libertários em suas metodologias e planos de ação, sempre se pautando no diálogo e na democracia da voz. Já houve avanços nesses 53 dias de ocupação no campo da negociação. Sucessivas reuniões com a vice-reitora, Profª. Drª. Maria Aparecida Barreto, com o chefe do gabinete do Reitor, Sr. Renato Schwab e com a Pró-Reitora de Gestão de Pessoas e Assistência Estudantil, Srª Lúcia Cassati resultaram em avanços na discussão da pauta no sentido de se definir e avaliar cada possibilidade para solucionar o problema da falta de moradia estudantil. Alguns documentos sobre a estrutura de prédios da universidade estão sendo liberados. No momento as discussões continuam, mas os avanços reais na pauta ainda estão muito aquém do desejado. O movimento lamenta a falta  de vontade política e o completo desinteresse de nossos gestores para com relação às demandas dos estudantes. A morosidade e a má vontade por parte da reitoria durante o processo de negociação foram o único responsável por toda a violência sofrida pelos estudantes violentados.  No momento as atividades do acampamento estão se concentrando no trabalho de base, com o levantamento da discussão e o convite dos alunos que necessitam de moradia venham nos apoiar e efetivamente morar conosco, em nossa residência. O movimento “MINHA UFES, MINHA CASA” entende o desafio que está por vir. Mas reitera sua obstinação de cumprir o que colocou como meta principal que é ser o último movimento por moradia de nossa tão querida universidade.
Movimento Minha Ufes, Minha Casa
Vitória, Setembro de 2012





sexta-feira, 8 de junho de 2012

Juventude: desafios e lutas - A periferia e a Universidade


Olá, companheir@s!

O Espaço Socialista e independentes te convidam a derrubar muros e mudar o mundo.
A juventude é o período onde mais surgem cobranças, obstáculos e experiências. Num mundo onde as regras são ditadas por uma minoria capitalista e a perspectiva do jovem é viver sob a mesma exploração e opressão vivida por seus pais, dilemas como o sexo, emprego, drogas, vestibular, universidade aparecem agaravados pelas condições do meio. Chamamos a juventude trabalhadora a discutir saídas para estes dilemas, com destaque especial para a questão do acesso ao jovem da periferia à universidade.

Assistam ao video convite da atividade, por Danilo Donali:
http://www.youtube.com/watch?v=GwigixYkBDQ&feature=youtu.be



Abraços de luta!
                                                                                                                             (Evento já realizado)

segunda-feira, 28 de maio de 2012



O que a juventude pode fazer para derrubar muros e mudar o mundo?
A Juventude tem o papel histórico de questionar o modelo vigente e de estar à frente no impulso da criação do novo com reconhecida ousadia. Nesta dinâmica a juventude impulsionou e impulsiona lutas por uma nova sociedade e apostamos que continuará a impulsionar. Convidamos a todos para uma atividade debate que busca pensar formas de não aceitar o que hoje nos está posto.


Veja o convite em:

http://espacosocialista.org/sites/default/files/Movimento%20Estudantil%20Junho2012.jpg            



                                                                                                 (Evento já realizado)
    • sábado, 2 de Junho de 2012
    • 17:30
  • Av. Alfredo Fláquer, 285

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Pochmann: Pobres que trabalham e estudam têm jornada maior que operários do século XIX

por Fernando César Oliveira, site da UFPR, sugestão de Luana Tolentino

O economista Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), classificou ontem à noite em Curitiba como “heróis” os brasileiros de famílias pobres capazes de conciliar o trabalho com o estudo.
“No Brasil, dificilmente um filho de rico começa a trabalhar antes de terminar a graduação ou, em alguns casos, até mesmo a pós-graduação”, observou Pochmann.
“Os brasileiros pobres que estudam e trabalham são verdadeiros heróis. Submetem-se a uma jornada de até 16 horas diárias, oito de trabalho, quatro de estudo e outras quatro de deslocamento. Isso é mais do que os operários no século XIX.”
O presidente do Ipea foi um dos palestrantes na abertura da terceira edição do Seminário Sociologia & Política, ao lado da professora Celi Scalon (UFRJ), no Teatro da Reitoria da UFPR. “Repensando Desigualdades em Novos Contextos” é o tema geral do seminário. Promovido pelos programas de pós-graduação em Sociologia e em Ciência Política da instituição, o evento termina nesta quarta-feira (28).
Pochmann lembrou que o Brasil levou cem anos, desde a proclamação da República, em 1889, para universalizar o acesso das crianças e adolescentes ao ensino fundamental. “Mas esse acesso foi condicionado ao não crescimento dos recursos da educação, que permaneceram em torno de 4,1% ou 4,3% do PIB. Sem ampliar os recursos, aumentamos as vagas com a queda da qualidade do ensino.”
Essa universalização do ensino fundamental, no entanto, não significa que 100% dos brasileiros em idade escolar estejam estudando. Segundo dados apresentados pelo dirigente do Ipea, ainda existem 400 mil brasileiros com até 14 anos fora da escola. Se essa faixa etária for estendida para 16 anos, a cifra salta para 3,8 milhões de pessoas.
“A cada dez brasileiros, um é analfabeto. E ainda temos cerca de 45% analfabetos funcionais. É muito difícil fazer valer a democracia com esse cenário.”
Em sua fala, Marcio Pochmann também abordou temas como a redução da taxa de fecundidade das mulheres brasileiras, o crescimento da população idosa, o monopólio das corporações privadas transnacionais e a concentração da propriedade da terra.
“O Brasil não fez uma reforma agrária, não democratizou o acesso à terra. Temos uma estrutura fundiária mais concentrada do que em 1920, com o agravante de que parte dela está nas mãos de estrangeiros”, afirmou o economista. “De um lado, 40 mil proprietários rurais são donos de 50% da terra agriculturável do país, e elegem de 100 a 120 deputados federais. De outro, 14 milhões trabalhadores rurais, os agricultores familiares, elegem apenas de seis a dez deputados.”
Para Marcio Pochmann, a desigualdade é um produto do subdesenvolvimento. “Não que os países desenvolvidos não tenham desigualdade, mas não de forma tão escandalosa.”
Nem revolucionário, nem reformista
Segundo o presidente do Ipea, a participação dos 10% mais ricos no estoque da riqueza brasileira não mudou nos últimos três séculos. Permanece estacionada na faixa percentual em torno de 70 a 75%.
“Somos um país de cultura autoritária, com 500 anos de história e menos de 50 anos de vivência democrática. O Brasil não é um país reformista e muito menos revolucionário”, sentencia Pochmann. “A baixa tradição de uma cultura partidária capaz de construir convergências nacionais nos subordina a interesses outros que não os da maioria da população.”
Marcio Pochmann afirmou que os ricos não pagam impostos no Brasil. “Quem tem carro, paga IPVA. Quem tem lancha, avião ou helicóptero, não paga nada. E o ITR [Imposto Territorial Rural] é só pra inglês ver”, exemplificou. “Quem paga imposto no Brasil são basicamente os pobres.”
Um estudo do Ipea teria demonstrado que os moradores de favelas pagam proporcionalmente mais IPTU do que os brasileiros que vivem em mansões. “Quem menos paga é quem mais reclama de imposto. Tanto que impostômetro foi feito no centro rico de São Paulo.”
Pochmann observa que o tema das desigualdes não gera manifestações, não gera tensão. “Não há greve em relação às desigualdades.”
Trabalho imaterial
Na avaliação de Márcio Pochmann, a sociedade mundial está cada vez mais assentada no que ele chama de “trabalho imaterial”, associado a novas tecnologias de informação, como aparelhos celulares e microcomputadores. “O trabalhador está cada vez mais levando trabalho pra casa.”
Essa sociedade do trabalho imaterial, conforme o dirigente do Ipea, pressupõe uma sociedade que tenha como principal ativo o conhecimento. “Pressupõe o estudo durante a vida toda, e o ensino superior apenas como piso.”
Pochmann criticou ainda a forma como a comunidade acadêmica tem tratado o tema das desigualdades no país. “O tema tem sido apresentado de forma muito descritiva e pouco de enfrentamento real e efetivo. Em que medida a discussão está ligada a intervenções efetivas, a políticas que possam de fato alterar a realidade como a conhecemos?”
Na avaliação dele, a fragmentação e a especialização das ciências sociais aprofundariam o quadro de alienação sobre o problema das desigualdades.
“As pesquisas não mudam a realidade. Quem muda a realidade é o homem. Agora, as pesquisas, as teorias mudam o homem. Se mudarem o homem, ele muda a realidade. Nada nos impede de fazer isso, a não ser o medo, o medo de ousar".

quarta-feira, 18 de abril de 2012

O papa e o marxismo

Olá, juventude!

Destacamos o texto do frei Betto, não reivindicando o autor e sim o geral do conteúdo do texto exposto, segue uma contribuição para discutir o marxismo e o que fizeram em nome dele no século XX, o capitalismo e a necessidade urgente de superá-lo.

Saudações socialistas de luta,

Juventude do Espaço Socialista



O papa e o marxismo
Frei Betto

O papa Bento XVI tem razão: o marxismo não é mais útil. Sim, o marxismo conforme muitos na Igreja Católica o entendem: uma ideologia ateísta, que justificou os crimes de Stalin e as barbaridades da revolução cultural chinesa. Aceitar que o marxismo conforme a ótica de Ratzinger é o mesmo marxismo conforme a ótica de Marx seria como identificar catolicismo com Inquisição. Poder-se-ia dizer hoje: o catolicismo não é mais útil. Porque já não se justifica enviar mulheres tidas como bruxas à fogueira nem torturar suspeitos de heresia. Ora, felizmente o catolicismo não pode ser identificado com a Inquisição, nem com a pedofilia de padres e bispos.
Do mesmo modo, o marxismo não se confunde com os marxistas que o utilizaram para disseminar o medo, o terror, e sufocar a liberdade religiosa. Há que voltar a Marx para saber o que é marxismo; assim como há que retornar aos Evangelhos e a Jesus para saber o que é cristianismo, e a Francisco de Assis para saber o que é catolicismo.
Ao longo da história, em nome das mais belas palavras foram cometidos os mais horrendos crimes. Em nome da democracia, os EUA se apoderaram de Porto Rico e da base cubana de Guantánamo. Em nome do progresso, países da Europa Ocidental colonizaram povos africanos e deixaram ali um rastro de miséria. Em nome da liberdade, a rainha Vitória, do Reino Unido, promoveu na China a devastadora Guerra do Ópio. Em nome da paz, a Casa Branca cometeu o mais ousado e genocida ato terrorista de toda a história: as bombas atômicas sobre as populações de Hiroshima e Nagasaki. Em nome da liberdade, os EUA implantaram, em quase toda a América Latina, ditaduras sanguinárias ao longo de três décadas (1960-1980).
O marxismo é um método de análise da realidade. E, mais do que nunca, útil para se compreender a atual crise do capitalismo. O capitalismo, sim, já não é útil, pois promoveu a mais acentuada desigualdade social entre a população do mundo; apoderou-se de riquezas naturais de outros povos; desenvolveu sua face imperialista e monopolista; centrou o equilíbrio do mundo em arsenais nucleares; e disseminou a ideologia neoliberal, que reduz o ser humano a mero consumista submisso aos encantos da mercadoria.
Hoje, o capitalismo é hegemônico no mundo. E de 7 bilhões de pessoas que habitam o planeta, 4 bilhões vivem abaixo da linha da pobreza, e 1,2 bilhão padecem fome crônica. O capitalismo fracassou para 2/3 da humanidade que não têm acesso a uma vida digna. Onde o cristianismo e o marxismo falam em solidariedade, o capitalismo introduziu a competição; onde falam em cooperação, ele introduziu a concorrência; onde falam em respeito à soberania dos povos, ele introduziu a globocolonização.
A religião não é um método de análise da realidade. O marxismo não é uma religião. A luz que a fé projeta sobre a realidade é, queira ou não o Vaticano, sempre mediatizada por uma ideologia. A ideologia neoliberal, que identifica capitalismo e democracia, hoje impera na consciência de muitos cristãos e os impede de perceber que o capitalismo é intrinsecamente perverso. A Igreja Católica, muitas vezes, é conivente com o capitalismo porque este a cobre de privilégios e lhe franqueia uma liberdade que é negada, pela pobreza, a milhões de seres humanos.
Ora, já está provado que o capitalismo não assegura um futuro digno para a humanidade. Bento XVI o admitiu ao afirmar que devemos buscar novos modelos. O marxismo, ao analisar as contradições e insuficiências do capitalismo, nos abre uma porta de esperança a uma sociedade que os católicos, na celebração eucarística, caracterizam como o mundo em que todos haverão de "partilhar os bens da Terra e os frutos do trabalho humano". A isso Marx chamou de socialismo.
O arcebispo católico de Munique, Reinhard Marx lançou, em 2011, um livro intitulado O Capital – um legado a favor da humanidade. A capa contém as mesmas cores e fontes gráficas da primeira edição de O Capital, de Karl Marx, publicada em Hamburgo, em 1867."Marx não está morto e é preciso levá-lo a sério", disse o prelado por ocasião do lançamento da obra. "Há que se confrontar com a obra de Karl Marx, que nos ajuda a entender as teorias da acumulação capitalista e o mercantilismo. Isso não significa deixar-se atrair pelas aberrações e atrocidades cometidas em seu nome no século 20".
O autor do novo O Capital, nomeado cardeal por Bento XVI em novembro de 2010, qualifica de "sociais-éticos" os princípios defendidos em seu livro, critica o capitalismo neoliberal, qualifica a especulação de "selvagem" e "pecado", e advoga que a economia precisa ser redesenhada segundo normas éticas de uma nova ordem econômica e política."As regras do jogo devem ter qualidade ética. Nesse sentido, a doutrina social da Igreja é crítica frente ao capitalismo", afirma o arcebispo.
O livro se inicia com uma carta de Reinhard Marx a Karl Marx, a quem chama de "querido homônimo", falecido em 1883. Roga-lhe reconhecer agora seu equívoco quanto à inexistência de Deus. O que sugere, nas entrelinhas, que o autor do Manifesto Comunista se encontra entre os que, do outro lado da vida, desfrutam da visão beatífica de Deus.
[Escritor, autor do romance Um homem chamado Jesus (Rocco), entre outros livros -

Entrevista com estudante da Fundação Santo André sobre as perseguições políticas da reitoria aos lutadores






domingo, 15 de abril de 2012

Anencefalia: STF aprova interrupção da gravidez

No fim do dia, após o resultado, um grupo de feministas comemorou a decisão da Suprema Corte na Praça dos Três Poderes
13/04/2012
Carolina Pimentel e Daniella Jinkings
  
Por 8 votos a 2, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu autorizar a mulher a interromper a gravidez em casos de fetos anencéfalos, sem que a prática configure aborto criminoso. Durante dois dias de julgamento, a maioria dos ministros do STF considerou procedente ação movida pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS), que tramita na Corte desde 2004.
Último ministro a se manifestar, o presidente do STF, Cezar Peluso, votou contrariamente à interrupção da gravidez. O outro voto contrário foi o do ministro Ricardo Lewandowski. Para Peluso, não se pode impor pena capital ao feto anencefálico, “reduzindo-o à condição de lixo”.
Segundo o ministro, o feto, portador de anencefalia ou não, tem vida e, por isso, a interrupção da gestação pode ser considerada crime nesses casos. “É possível imaginar o ponderável risco que, se julgada procedente essa ação, mulheres entrem a pleitear igual tratamento jurídico na hipótese de outras anomalias”.
Os ministros Marco Aurélio Mello, Rosa Weber, Joaquim Barbosa, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Carlos Ayres Britto e Gilmar Mendes e Celso de Mello se posicionaram a favor da ação. O ministro Antonio Dias Toffoli se declarou impedido de votar, porque quando era advogado-geral da União (AGU) posicionou-se favorável à interrupção. Por isso, dos 11 ministros da Corte, somente dez participaram do julgamento.
Os sete ministros favoráveis acompanharam a tese do relator, Marco Aurélio Mello. Ele considerou que a mulher que optar pelo fim da gestação de anencéfalo (malformação do tubo neural, do cérebro) poderá fazê-lo sem ser tipificado como aborto ilegal. Atualmente, a legislação permite o aborto somente em caso de estupro ou de risco à saúde da grávida. Fora dessas situações, a mulher que interromper a gravidez pode ser condenada de um a três anos de prisão e o médico, de um a quatro anos. Nos últimos anos, mulheres tiveram de recorrer a ordens judiciais para interromper esse tipo de gestação.
Os ministros Gilmar Mendes e Celso de Mello tentaram acrescentar ainda a condição de que, para fazer o aborto, a mulher precisaria de dois laudos médicos distintos que comprovassem a anencefalia do feto. Mas, essa condicionante foi recusada pelo plenário.
Durante a declaração do resultado, Maria Angélica de Oliveira, que acompanhava o julgamento, se manifestou contra a decisão com gritos e ofensas aos ministros. "Não respeito toga manchada de sangue", disse. Ela declarou ser integrante de um movimento espírita. No entanto, representantes da Federação Espírita Brasileira negaram a autoridade da mulher para falar em nome da entidade.
Durante os dois dias, religiosos contrários à legalização do aborto de anencéfalos fizeram uma vigília e orações pela não aprovação da medida. No fim da tarde desta quinta-feira (12), após o resultado, um grupo de feministas comemorou a decisão da Suprema Corte na Praça dos Três Poderes.
A anencefalia é uma má-formação fetal congênita e irreversível, conhecida como “ausência de cérebro”, que leva à morte da criança poucas horas depois do parto. Em 65% dos casos, segundo a CNTS, a morte do feto é registrada ainda no útero. O Código Penal só permite o aborto quando não há outro meio de salvar a vida da gestante ou se a gravidez for resultado de estupro. No primeiro caso, o médico não precisa de autorização judicial.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Telejornal revela ligações entre PMs da USP e PCC

Da Carta Capital
O "Jornal da Band" transmitiu uma matéria na noite desta terça-feira (27) com uma denúncia sobre o envolvimento de policiais militares e integrantes do crime organizado dentro da Universidade de São Paulo, entre outros locais. O jornalista Sandro Barboza divulgou trechos de um relatório de investigação da morte do estudante Felipe Ramos de Paiva, dentro da USP em maio de 2011, o qual afirma que a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) paga “semanalmente elevados valores aos policiais militares que atuam na região”.

A morte do estudante dentro do campus da USP foi o pretexto utilizado pelo reitor Grandino Rodas para a implementação permanente de efetivos da PM no campus. O relatório sobre o caso, feito pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil, foi arquivado justamente porque se tratava de um esquema da PM com os criminosos, segundo a reportagem. O relatório arquivado foi a base para a investigação da equipe de reportagem da emissora.

“Mesmo tendo recebido o documento, a Secretaria de Segurança Pública designou os policiais do 16o [DP] para fazer o patrulhamento na cidade universitária”, diz o jornalista na reportagem, em referência ao Departamento Policial que faz fronteira com a USP e com a Favela de São Remo.


A reportagem é baseada neste relatório e no depoimento de um ex-investigador do DHPP (não identificado) que teria ajudado neste caso. Ele afirma que “alguns trabalhos, com certeza o governador [Geraldo Alckmin], o secretário de Segurança Pública [Antônio Ferreira Pinto], o comandante-geral da PM [Coronel Álvaro Batista Camilo] têm ciência”. A edição da matéria sugere que o caso da USP seria um deles.


O intervalo de tempo entre a morte do estudante e a implementação do policiamento cotidiano na USP coincide com a finalização e o arquivamento do relatório da Polícia Civil. Ou seja, a decisão do reitor João Grandino Rodas foi simultânea à conclusão do relatório sobre a morte do estudante.


Criminalização

O convênio entre a Secretaria de Segurança Pública e a USP é de setembro de 2011, assinado por Ferreira Pinto e Rodas, mas apenas no dia 27 de outubro o movimento estudantil expressou com mais veemência sua contrariedade ao convênio, depois de a Polícia Militar deter três estudantes por supostamente portarem uma pequena quantidade de maconha. No mesmo dia, houve uma ocupação da sede da administração da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), e policiais usaram bombas, balas de borracha e cassetetes contra estudantes.


No dia 11 de novembro, a PM entrou com um efetivo de 400 policiais e prendeu 73 estudantes que ocupavam o prédio da reitoria. Em seguida, o movimento estudantil ganhou força, realizou assembleias massivas e decretou greve. A Polícia Militar permaneceu atuando no local e novos conflitos já ocorreram.


As novas denúncias podem inverter o discurso que o reitor e o governo do Estado de SP conseguiram impor à sociedade, com ajuda de alguns meios de comunicação, de que os estudantes – usuários ou não de drogas – e o movimento estudantil são os criminosos contra os quais a policia deve estar em luta permanente. Se as informações da investigação estiverem corretas, poderão comprovar que os criminosos são os policiais militares do reitor Rodas, do Secretário Ferreira Pinto e do governador Geraldo Alckmin (PSDB).


A Carta Maior publicou matéria em novembro de 2011 (leia aqui) sobre a aposta da Secretaria de Segurança Pública em militares linha dura e a interferência da secretaria nas investigações do DHPP nos casos de mortes cometidas por policiais, registradas como “resistência seguida de morte”. Segundo os dados da própria secretaria, apenas 30% das investigações dessas ocorrências explicaram o ocorrido.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Não sejamos resignados

Levantemos companheiro.
Não sejamos resignados ao ponto
de pensar que o céu é o limite.
Você já viu o universo?

Tudo bem. Eu também não.
Mas não nos resignemos.
As pedras não estão paradas 
porque desenjam estar.

Não sejamos resignados, companheiro.
A tanta coisa linda a se fazer.

O quê?
Bom, primeiro, comecemos por mudar o mundo.
Como?
Amando-e-Lutando, sempre.
De que forma?
Juntos: Eu e Você!

Não sejamos resignados, companheiro.
Apenas começamos a viver.
Não sejamos resignados...
Pois aqueles que são,
estes a História não absolverá.


Tico - Militante e poeta do Espaço Socialista

segunda-feira, 12 de março de 2012

Meu cabelo é bom, ruim é o racismo!


Por Claudicea Durans, pelo Quilombo Raça e Classe do Maranhão

Este foi o tema do Ato Público organizado por diversas entidades do Movimento Negro, realizado na manhã de sexta-feira (9) em frente à escola pública Unidade Estado do Pará no bairro da Liberdade em São Luís- MA.

O ato que ganhou repercussão na imprensa local, aconteceu em função da estudante Ana Carolina Soares Bastos, de 19 anos, ser impedida de entrar na escola por conta de seu cabelo black power e só poderia regressar a escola quando mudasse o estilo de penteado.

A estudante comenta que ao chegar à escola foi surpreendida pela diretora falando que tinha se espantando com os seus cabelos e pediu que se retirasse da instituição, depois não satisfeita perguntou por que usava o “cabelo daquele jeito”. Ana Carolina que é engajada no movimento negro e participa de bloco afro, respondeu que é o seu estilo, sua identidade como negra. Este fato aconteceu no final do mês passado e veio à tona por conta de denuncias da própria estudante.

Esta não é a primeira vez que situações como estas ocorrem nesta escola, há vários relatos de alunos, bem como de organizações afro-culturais de que foram impedidas de realizarem atividades pedagógicas junto ao corpo discente. A agremiação Netos de Nanã, grupo do próprio bairro, relata que várias vezes tentou construir atividades culturais de matrizes africanas na escola, mas foi impedida pela direção, o que levou a aproximação com escolas em bairros mais próximos.

As atitudes da diretora, há várias décadas à frente da escola, demonstra autoritarismo, total desprezo pela cultura africana e afro descentes, despreparo e desrespeito para lidar com a diversidade pluriétnica e multicultural, sobretudo quando pouco interessa para sua gestão a interlocução com a comunidade no qual se encontra a escola. Ela se situa no bairro da Liberdade, bairro este com maior população negra de São Luís, considerado pelo movimento negro como o maior quilombo urbano do Maranhão, rico em manifestações culturais de origem africana.

Caso como este não é isolado, negros e negras tem vivenciado situações de humilhações e ofensas raciais diariamente em diferentes espaços públicos e que se expressam em distintas formas como: piadas racistas, batidas policiais, agressões físicas e morais, que muitas vezes não são denunciadas pelo constrangimento, humilhação, tristeza, frustrações e revoltas que causam às pessoas que as denunciam, mas precisam ser denunciadas para que sirvam de exemplos e possam de fato serem punidas já que o racismo é crime inafiançável e imprescritível.

O racismo tem diferentes facetas. A utilização de estereótipos negativos e a ridicularização das caracterís
ticas e tratos físicos é mais um aspecto desse racismo, que é em nossa análise, ao mesmo tempo silencioso, cruel e violento, age para negar a identidade negra, destruir os valores culturais, históricos e físicos desta população, destruindo a sua autoestima.

O fato dessa atitude discriminatória ter ocorrido na escola nos remete a reflexão que esta situação é comum no ambiente escolar e que a escola tem sido historicamente um instrumento de reprodução das ideologias dominantes, sendo o racismo, mais um elemento para garantir a opressão e a exploração sobre os negros.

A escola que deveria ser o espaço acolhedor de diferentes grupos étnicos, garantindo a todos igualdade,
liberdade de opinião, de culturas e identidades, exclui as camadas populares, nega sua história e constrói visões de mundo elitista, além de quem muitos negros (as) não tem acesso a ela.

Nós do Movimento Negro Quilombo Raça e Classe consideramos importante não só denunciar as práticas racistas, mas também as estruturas de poder que relegam ao negro a lugar da inferioridade.

Pelo Fim do Racismo!